"Quero fazer cócó!"
Olho para ele sem acreditar...
"Agora?" (Nãooooooooo!!!!! que merda... logo agora!)
"Sim..."
(Nãoooooooooo, agora não dá mesmo jeito nenhuummmm, não dá para chegar a casa?)
Estamos na sala de espera da pediatra. Brinca há 1h (ah estas maravilhosas pediatras tão boas tão boas e referenciadas, que depois nos tiram 3h de vida (de espera) do nosso dia) quando de repente faz o brilhante pedido.
A sala está cheia de putos doentes. Uns com febre, outros com tosse, todos com algum vírus escondido pronto a proliferar! Venho sempre com medo que ele saia (ou saiamos) de lá pior do que entramos lol
No WC é um vaivém de miúdos e graúdos. Olho para lá esperançosa e... vazia!! ah que bom! ao menos isso!
O M. tem ar de que algo mau vai acontecer se não o levar à sanita nos próximos segundos. Vôo com ele até lá "com licença, com licença". Raios, mas porque é que estas vontades têm de ser tão súbitas?! Olho para ele. Agarra as calças. "Aguenta M., aguentaaaaaa!" E rapidamente meto as mãos à obra. Dispo-lhe o que há a despir, forro o assento da sanita com papel e sento-o. Demoro 10 segundos a fazer isto.
Tento ultrapassar o meu ligeiro nojo natural por estar com as mãos numa sanita que é "publica" (embora de um consultório privado) e equilibro o M. o melhor que posso.
"Agarra-me mamã!!! não me deixes cair!!" diz enquanto se ajeita na sanita enorme. Para ajudar, a sanita tem um buraco mesmo na parte da frente (é daquelas próprias para pessoas com limitações/deficiências) e o rapaz luta por manter as pernocas abertas apesar das calças descidas as prenderem ligeiramente. Escusado será dizer que todo o forro que tão eficientemente fiz já está no chão. Que se lixe penso. "Despacha-te M.! eu estou a agarrar-te." E o rapaz continua meio indeciso, naquela tentativa de equilíbrio e confiança de que a sua mamã não o vai deixar mesmo cair lá dentro.
A sonoridade da coisa revela-se de repente, e vejo-me meio ridícula, como se me visse de fora: eu a agarrar o miúdo debaixo dos braços, só lhe vejo a cabeça, faço força para cima para o aguentar, começam-me a doer as costas e...
Meu Deus! que cheiroooooooo!!! lol Que pivete!! Para onde foi aquele cócó de bébé que mal se dava por ele? Agora parece que comeu maçãs pobres e bebeu do esgoto... Arghhhhhhh!! Ai Jesus! Tirem-me deste filme. Começo a ter uma vontade louca de me rir :) Imagino o M. a cair naquela loiça branca e a ficar entalado (não seria a 1ª vez - na casa da minha mãe, uma vez o adaptador da sanita, que era muito pequeno, caiu com ele para dentro da sanita, acho que foi um mini-susto mas sobretudo risota entre avó e neto. Desde então sempre que ele se lembra disto diz-me a rir "foi uma grande trapalhada") Esta sanita é tão grande... Ele desaparecia ali se caísse lol
Devo ter divagado demais e o rapaz, ao sentir-se mais inseguro nas minhas capacidades "segurativas", anuncia "Já está, não quero fazer mais". "M.! não, tens de fazer mais, não fizeste quase nada. Eu não te deixo cair" e ele lá se convence novamente e a coisa desenrola-se.
Batem à porta duas vezes. Oiço do lado de fora "Rodrigo, espera um bocado, está um menino lá dentro." Coitado do miúdo, mais um a quem deu uma vontade incontrolável. Mas há quanto tempo estamos aqui dentro?
Por fim, o final. Papel higiénico e zás... tudo limpo! Exceto as minhas mãos... sim.... adivinharam... Com tanta mexidela acontece... Ai Deus... Arghhhhhh Este maravilhoso mundo da maternidade. Tento equilibrar tudo só com uma mão e finalmente estamos quase prontos.
Batem novamente à porta. Ai que stress! "Estamos quase quase a sair!" grito. Lavagem profunda de mãos (se é que isso existe com crianças de 3 anos) e saída rápida. Espero que o próximo a entrar leve uma mola no nariz...
Dizia eu, saímos. Ele mais leve e aliviado, eu a rir-me e a pensar nas coisas que não sabemos que ainda vamos fazer quando tivermos filhos, e os nojos que teremos de ultrapassar.
Eh, pá que história escatológica! Realmente uma pessoa não imagina. hehehe!
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