domingo, 18 de dezembro de 2011

Um momento lindo

Hoje tive um momento lindo com o meu bonequinho. Já expressei aqui a minha frustração de por vezes achar que o meu bidu é um bocado desligado das pessoas, nomeadamente da sua mamã e papá. Passa a vida a chamar Mamã, mas nunca tive a prova de que era por mim que chamava, sempre tive alguma dúvida se ele percebia que era eu ou se era uma palavra que ele ouvia várias vezes e repetia (especialmente em caso de necessidade). Por exemplo, ele nunca aponta para uma fotografia minha e diz Mamã (embora faça isso com o papá) ou coisas do género.
Mas hoje tive um momento em me senti muito babada:
Estive na casa do meu pai a almoçar e, quando me estava a vir embora, ele pegou no M. e disse, a brincar, que ficava com ele, que o M. não ia embora. E fechou a porta de casa com o bidu ao colo e comigo já na rua. O M. ficou com aquela sua carinha séria hilariante (em que faz um beicinho muito engraçado) e de repente oiço: Mamã!!!
E o meu pai abre a porta e ele com o bracinho esticado aponta o dedo para mim a sorrir, e vem logo para o colinho da sua mamã querida :)))
Fiquei tão contente :) Ele estava efectivamente a chamar por MIM. Adorei!
Foi um momento lindo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Calvin

Aqui há uns anos tive uma caturra. Era um macho. Lindo, cusco, adorava brincar com os brincos das minhas orelhas. Veio para minha casa depois de me ter sido negado um animal maior, como um cão ou gato (razões essas muito válidas, razões essas que hoje utilizo para eu própria não ter um animal desses quando já tenho a minha casa). Por isso veio a caturra. Já não me lembro bem como a adquiri, lembro-me vagamente de a receber de prenda, dentro de uma gaiola grande, que lhe dava espaço para se passear airosamente. Era uma caturra linda que me adorava. Ensinei-a desde muito cedo. Tirava-a da gaiola e andava pela casa com ela ao ombro, ou na mão, ou no braço. Era um bicho muito simpático e muito ligado a mim. Sempre que eu entrava em casa ela piava desalmadamente e andava freneticamente de um lado para o outro no poleiro. Não parava até eu ir ter com ela.O nome veio-me à cabeça facilmente, aquela crista amarelada só podia ser a versão pássaro de uma pessoa - o Calvin! do Calvin & Hobbes, os meus desenhos favoritos da altura. E assim, para risota de toda a família, entrou para a família o Calvin, a caturra.


Durante um ano foi uma alegria. Todas as noites soltava-o e ele andava e esvoaçava uns bocados pela sala. Chegou a ficar empoleirado no topo das cortinas sem que ninguém o conseguisse tirar de lá. Tinha uma penugem macia, as penas pareciam seda, e o Calvin adorava (tal como a dona!) cafuné. E assim passava eu longos minutos a coçar-lhe a cabecita e a observar o seu ar de deleite.
Um dia o meu passarinho lindo começou a dormir no chão da gaiola em vez de dormir no poleiro. Eu não percebia bem porquê, mas porque era inverno pensei que era essa a explicação - o fundo da gaiola devia ser mais quente, algo assim. E não pensei mais nisso, na minha inocência e ignorância sobre animais e pássaros em particular.
Uma noite, quando estava sozinha na sala, fui ter com o Calvin e tirei-o para fora da gaiola. Ele estava frio, mas atribuí a isso o frio que estava naquela casa. Gelo mesmo. Tentei pô-lo a passear, a voar um bocado pelo compartimento. Mas nada. Ele voltava sempre para ao pé de mim, só queria estar ao meu colo aninhado. Eu não percebia o que se passava e insisti um bocado mais. Até que desisti - ele não arredava pé, queria a minha atenção. Fiz festas, cocei-lhe a cabecita, etc. Até que, sendo já tarde para me deitar, o fui colocar na gaiola. Curiosamente ele não queria, o que era inédito. Trepava-me pelo braço. Via-se que não queria entrar ali. A certa altura tive de insistir mesmo e obrigá-lo a ficar lá e fechei a porta da gaiola. Ele lá ficou a olhar para mim até que eu desci o pano que cobria a gaiola por causa do frio.

No dia a seguir, depois das aulas da faculdade, quando voltei a casa encontrei o meu pai muito triste no sofá. Foi ele que me deu a  notícia - o Calvin tinha morrido. Fiquei em estado de choque porque nada fazia prever aquele desfecho. Fui à sala e lá estava ele; como se estivesse a dormir, com o bico enfiado nas penas traseiras. Estava no fundo da gaiola.
Revi várias vezes na minha cabeça o meu passaruco lindo a querer ficar no meu colo, a querer festas, a quer ficar ali comigo na noite anterior. Até hoje tenho a a certeza de que ele se sentia mal e sentia que estava a morrer, e por isso queria estar apenas comigo, aninhado e a morrer em paz.
Mas eu, ignorante quanto a doenças de pássaros e de que se eles dormem no chão é sinal de doença, não vi o quão mal ele estava e não o levei ao veterinário. E nessa noite incitei-o a voar e passear quando ele não queria; abandonei-o quando ele estava a morrer e não queria ir para dentro da gaiola.
Até hoje carrego um grande sentimento de culpa. Sentimento que sempre terei. Abandonei o meu bichinho quando ele estava a morrer e tenho uma pena infinita que isso tenha acontecido. Se soubesse que isso estava a acontecer teria ficado com ele pela noite dentro, a dar-lhe festas até fechar finalmente os olhos.
O meu pássaro lindo... era lindo, simpático e fazia-me rir. E eu era uma dona dedicada que interagia muito com ele e ele uma passarinho lindo que só queria brincadeira e a minha atenção.

Mas já não posso mudar o que aconteceu, e não posso fazer muito mais senão imaginar o momento final (mas triste) que teria sido o ideal:
Estou numa vida paralela, meu amigo lindo, dou-te colo e muitas festas. E fechas os olhos para sempre, placidamente, cheia de mimos da tua dona, como sempre foi, e rodeado de muito carinho.

Um brinde a ti Calvin, o melhor passarinho do mundo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Diário dos 16 meses

O M. em apenas 1 semana fez progressos enormes. De repente começou a dizer Não (naaaaa), acena que sim quando quer expressar isso (mas ainda não diz a palavra), quando lhe damos o soro fisiológico para a mão mete-o no nariz e começa a inspirar LOLLL E no outro dia começou a fazer os mesmos sons da canção do seu boneco de dormir. Muito bom! :) Ah e cada vez mais gosta de dançar.
Manias: passa a vida a ligar e desligar os candeiros de mesa.
Coisa com piada: só quer colo, de 2 em 2 minutos lol
Curiosidade: na creche já interage mais com os outros miúdos e já andou de mão levantada a dar chapadas :P