segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Acordar-te... depois das férias!

Ai mulheres (e homens!)  que andam por aí... Pergunto-vos: que tal têm sido as vossas manhãs com os vossos piolhos? Depois de dias a fio de férias e a acordar tarde ou às horas que queriam, a coisa por aqui está preta. Com vocês não?

P. ... meu amorzinho (o mais novo). Anda difícil acordar-te de manhã... Vá, a sério... por favor colabora com a mamã... Eu já te acordo o mais tarde que posso, mas quando demoro literalmente 10 minutos a tirar-te da cama (e com mega litros de paciência e mimos) a coisa começa a ficar preta. Porque qualquer dia vou ter mesmo de te acordar mais cedo para compensar esses 10 minutos em que não saímos do mesmo sítio.

E depois, finalmente quando te consigo arrancar da cama, é um martírio ter-te a chorar compulsivamente, a dizeres que tens sono. E choras enquanto fazes xixi, enquanto te visto, enquanto tomas o pequeno-almoço (comigo já a ajudar porque senão é o descalabro com o tempo), enquanto te calço, enquanto te lavo os dentes, enquanto vamos no carro para a escola. E depois não é só o stress de chegar tarde à escola ou ao trabalho, ou os meus ouvidos a encolherem-se, ou o meu cérebro a ficar em papas ainda tão cedo no dia. É o meu coração a apertar-se porque a verdade é que o teu choro sentido a dizer que tens sono e as tuas lágrimas em catadupa me quebram. A verdade é que eu odeio acordar crianças. Odeio acordar-te. Odiava acordar o teu irmão quando era mais pequeno. É uma tortura para mim ver-te a acordar de um sono profundo, saber que na escola já não dormes a sesta (nunca dormiste grandes sestas, mas se calhar 30 minutos a meio do dia equilibravam-te o sistema), e, mesmo assim, acordar-te tão cedo... Odeio. Parte-se-me o coração. Mesmo. Desculpa. Desculpa. Desculpa.

E desculpa este modelo de sociedade em que temos de trabalhar horas a fio, longe dos nossos, para ganhar salários mal pagos, em ambientes muitas vezes tão beras, em que começamos tão cedo e acabamos tarde, em que se deixam crianças às 8h da manhã na escola e se vão buscar as mesmas às 19h da noite (agradeçam aos avós disponíveis que podem ir buscar os netos cedo). Não seria tão bom se trabalhássemos, sei lá... 6h por dia e pudéssemos ir buscar os nossos filhos cedo e levá-los ao parque relaxadamente antes de ir para casa para a correria dos banhos e jantares?

Sabias meu fofinho, que vos deito cedo e passo apenas 2h e pouco com vocês à tarde/noite (com vocês... ou seja... a preparar jantares e lanches, etc... enquanto vocês andam por ali) para que possam descansar o mais possível para estarem com energia e bem dormidos a semana toda? Sabias que apesar de saber que o que querias era brincar um bocado com os teus brinquedos à noite, te nego isso porque sei que quanto mais tempo te demorar a deitar à noite mais difícil vai ser acordar-te de manhã? Sabias que gostava que tivesses mais tempo em casa à tarde/noite para que fizesses o que gostas em casa? Sabias que gostava de passar muito mais tempo contigo e com o teu irmão todos os dias e não só ao fim-de-semana? Não me imagino a não trabalhar, mas às vezes gostava de mandar tudo às urtigas e estar só com vocês. E como eu sei que por ti meu amorzinho estavas sempre com a tua família a brincar e passear... se sei. Às vezes acordo de manhã e só me apetece fazer o que fazia às vezes na faculdade "hum... tenho tanto sono, hoje que disciplina é? hum... acho que vou faltar."

Meu doce, sei que custa, mas amanhã não faças uma choradeira tão grande, está bem? o meu coração todos os dias se estilhaça um bocadinho mais ao ver-te assim, mas a realidade é que temos mesmo de acordar cedo, sim?

Amanhã acorda como acordavas quando andavas na creche e entravas às 9h apenas, sim? Acorda como acordavas, a sorrir e bem-disposto, a responderes aos meus mimos "Quem é o meu fofinho, quem é?" "Euuuuuu...." e a rires.

Beijo meu amor. Dorme bem. E amanhã acorda com alguns sorrisos, sim?

M. - 8 anos
P. - 4 anos



segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Beijem lá os avós, miúdos

Meus queridos pimpolhos,

No rescaldo ainda da polémica temática dos beijos aos avós e da violência em obrigar as crianças a tal, etc e tal, criada pelo professor universitário no programa Prós e Contras (ver esta notícia), só tenho isto a dizer:

Que celeuma tão exagerada que se criou em relação a temas que nada têm a ver.

Os avós não são estranhos, ou não deveriam ser. E obrigar, obrigar, nunca ninguém deveria obrigar ninguém a fazer o que não quer. Sejam crianças ou adultos. (Se bem que atire a primeira pedra quem nunca obrigou os seus filhos a comer o vegetal x que sabemos que eles odeiam, mas que nós sabemos que lhes faz bem; quem nunca obrigou o filho a fazer o TPC mesmo sabendo que ele odeia a disciplina y, mas que tem de ser, tem de ser feito...)

Mas separemos as coisas.

Uma coisa são os pais, ou educadores, promoverem algo que é socialmente aceite na nossa cultura, como o cumprimento com beijos. É uma questão social, considerada em Portugal de "boa educação". Não acho anormal encontrarmos alguém e dizermos: "x ou y diz olá à amiga da mãe" ou "dá um beijinho" ou "dá um abracinho", etc. Não o fazemos nós quando encontramos alguém? Não nos foi ensinado a vida toda e aqui estamos? Claro que se a criança fincar pé e disser um rotundo "não" e se mostrar encavacada ou desconfortável, sou a primeira a sorrir e dizer à pessoa rejeitada "pronto, fica para a próxima" ou "está com vergonha, paciência, não faz mal" e passo à frente e relaxo a cria, que não a vou obrigar a beijocar quem não quer. Mas lá está, isso não significa que não promova o cumprimento.

Agora misturar cumprimentos com os afectos dos avós é que me parece que não bate a bota com a perdigota.

Meus filhotes lindos, se um dia eu sentisse que naturalmente vocês detestavam cumprimentar afetuosamente os vossos avós que tanto vos amam e tantos mimos vos dão, ficaria triste. Claro que há avós e avós, e mesmo entre os vossos, naturalmente vocês têm os vossos preferidos. Mas avós não são estranhos (atenção que estou a partir de uma relação normal de avós e netos próximos). Não são pessoas estranhas por quem vocês passam de vez em quando. Falemos assumindo que avós são aqueles segundos pais que tanto vos querem, que mimam mais do que repreendem, que mostram orgulho em tudo o que vocês fazem, que querem o vosso melhor. E, caso um dia o esqueçam, os vossos avós são quem cuida de vocês quando estão doentes, são aqueles cujos braços se abrem e para onde vocês saltam quando os encontramos, são aqueles que vos mimam com guloseimas mais do que nós pais gostaríamos (embora eu feche os olhos muitas vezes, porque de olhos fechados lembro com saudade o tempo em que eu própria - gulosa até dizer chega - chegava a casa dos meus avós, e sem os meus pais verem, estes abriam uma gaveta cheia de chocolates e diziam "vá, tira lá o que quiseres"), são quem vos dá os brinquedos mais incríveis, são os que vos querem ver mais felizes.

Avós "normais" dão beijinhos e abracinhos bons (pessoas rudes e agressivas, ou pessoas frias e até más, existem em todo o lado, mas não estou a falar desses seres). Gostam de nós e não há nada de mal em beijá-los de vez em quando. Ou, vejam só!, dizer que gostamos deles... Essas coisas... Essa é uma intimidade boa, aliás a intimidade é feita para ser boa. E a proximidade cria intimidade salutar. E mesmo que em determinadas ocasiões não os queiramos beijocar (crianças são crianças e todas têm os seus momentos), eles irão saber encaixar. Irão sorrir, fazer festas nas nossas/vossas cabeças e irão pensar ou dizer "fica para a próxima". E a vida irá continuar e eles irão amar os seus netos como sempre.

Já alguém dizia "é no meio que está a virtude". Gente: não exagerem nesta temática, ou noutras do género. Ser razoável, sensível aos outros, e ser equilibrado e não ser radical é o caminho.

Beijinhos aos molhos para todos!!

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A Fada das Chuchas - strike 2

Dia 1.

E assim foi.
Depois de meses a sondar uma possível largada de chuchas ("na... depoix... daqui a muitos tempos, no otro fim-de-xemana"), há 2 dias, meio na brincadeira e ao deitar o P., "Então P., quando é que dás as chuchinhas à fada?". E não é que o rapaz se vira para mim e diz muito decidido "Hoje. Dás tu hoje à fada" e dá-me decidido as 2 chuchas residentes da sua cama. Caiu-me o queixo confesso... E secretamente... lá bem no fundo, e apesar de saber dos malefícios do uso continuado de chuchas no formato da boca dos miúdos, algo em mim gritou "nãoooooo!!! tu também?? e já?! tão cedo?! vou deixar de ter o meu bebé com aquele ar super mega fofinho a chuchar e com sono?! isto assim, sem qualquer aviso ou tentativas falhadas??!! Nãoooooo!!!".
Mas como sou uma mãe que vai em frente e enfrenta as consequências, não vacilei e agarrei com bravura as chuchas e prometi que as íamos dar no dia a seguir à fada.
E ele deitou-se.
E eu deitei-me com ele a dar mimos e a tentar cortar a conversa que ultimamente se alonga demasiado (estás a crescer rápido P.) e a tentar eu própria não adormecer.
E ele lá adormeceu.
E eu lá fui fazer queixinhas ao T., meio orgulhosa sobre a última conquista do nosso pequenino, meio chorosa por mais um bebé meu a ficar crescido.
Fogo... admito... dói.
Um grande passo para a Humanidade, uma punhalada no meu coração lamechas.

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Dia 2.

De manhã lá fomos deixar, curiosamente tal como tínhamos feito com o mano anos antes, as chuchas na janela da cozinha, à espera que, talvez à noite, ela levasse as chuchas e, como fazia com todos os meninos crescidos, deixasse uma prenda como recompensa.
Ele só falava nisso, embora meio desconfiado (descobri entretanto que a educadora lhe tinha dito que as fadas não existem, a parva...).
(e lá foi o pai esbaforido comprar uma prenda depois do trabalho, e lá fui eu deitar rapidamente as chuchas para um canto qualquer sem ele se aperceber, enquanto explicava qualquer coisa como que a fada já tinha levado as chuchas e devia estar quase quase a trazer a prenda... E ele ainda meio sem saber se a coisa iria mesmo acontecer, lá foi esperando pacientemente)
Mas a surpresa lá chegou. E eu lá fiquei de lágrima no olho depois de observar mais uma vez (o M. teve a mesma reação de incredulidade e felicidade misturadas) o P. em êxtase ao ver a tão esperada prenda - um lego só dele!! (o pobre rapaz tem mesmo o síndrome de filho mais novo, que leva sempre com o que já havia antes, brinquedos ou roupa, sendo que é lembrado a toda a hora pelo irmão que os legos com que brinca não são dele, que são apenas emprestados). O rapaz repetia a toda a hora "isto é meu, só meu, não é mamã?" ou então "tu não tens uma nave destas pois, não? eu empresto-te... mas só no fim-de-semana." ou então "consegui montar isto sozinho, não foi? consegui!" (depois de estar com o pai a montar o lego).
A nave de lego - o seu primeiro brinquedo de crescido. A sua passagem para esse reino tão cobiçado. Todo ele era orgulho.

E assim, mais uma vez, a fada das chuchas concluiu a sua tarefa em grande estilo. E assim, durante muito tempo ele irá lembrar-se do dia em que superou e conquistou algo.
E ganhou um bocado de magia pelo meio.
E nós também.


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Novidades de fim-de-semana

  • O P. deixou à fralda à noite (assim de repentes dissemos que essa noite ia dormir sem a fralda e ele ok, e no dia seguinte tudo seco, e assim nas 2 noites seguintes e etc, até agora... Andava eu ansiosa para nada!)
  • O M. resolveu que queria cortar o cabelo à Ronaldo! Lá o levámos a ele e à sua cabeleira gigante ao cabeleireiro e zás... meio rapado de lado (mas não muito para pena dele) e mais comprido em cima e cheio de gel (ficou apesar de tudo menos chocante do que eu pensava). Aguardo pelo dia em que vai querer pintar o cabelo de azul ou querer fazer tatuagens...
  • Começámos a nossa época balnear. Num dia só a famelga, noutro dia famelga e amigos. A ver se a água gelada, o sol e o (parvo do) vento põem a pele mais curtida a toda a gente. :P
  • Tivemos também a festa da escola do P. Não me canso de reviver o momento da "dança" onde passou o tempo todo contente a dizer-nos adeus. A baba escorre-me, pronto. Está tão crescido o meu bebé. (eu sei que tem quase 4 anos, mas é mesmo um bebezão ainda!)


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Conversas

Como as coisas mudam consoante a idade... Ontem à noite em conversa com vocês meu pikenos deliciosos:

O P.: Comi tudo, vó che fote como o mano e o papá.
Eu: Pois é :)
P.: E tô quase do tamanho da mamã!
Eu: Pois é, quando fores do tamanho da mamã também vais ter muita força e aí quero eu o teu colinho, o que achas? pode ser?
(Já a não gostar assim tanto da conversa) P.: Humm...ah... não. Não pode xer...
Eu: Ai não? preferes que seja sempre eu a dar-te colinho, é isso? gostas mais?
P.: Xim, xim!

E quem está mesmo ali ao lado e diz logo todo afoito:

M.: Pois eu não quero cá colinhos! Tenho muitos músculos (faz pose com os 2 braços) e ainda vou ser mais forte quando for grande! Eu até quase te consigo pegar ao colo agora!!!

E pronto. Tá visto que mimos de dar colo é só mesmo agora. A ver se aproveito bem o P. porque quando ele tiver 7 anos já não há nada para ninguém. Só lhes vou arrancar beijos quando estão na cama quase a dormir (e aí sim querem mimo, os interesseiros!!)

Ass.: Mãe com saudades antecipadas de ter filhos pequenos.

M. - 7 anos e meio
P. - 3 anos e meio

domingo, 22 de abril de 2018

A Maria

Meus filhotes lindos,

Ando há muito tempo a pensar em adicionar mais um membro à nossa família. Um ser de quatro patas. Ou duas. Um gato, um pouquinho da índia, um coelho... um pássaro? O que acham?
Acho que vos faria lindamente cuidar de um animal, começar a ter este tipo engraçado de responsabilidade. Saber o que é dar atenção e cuidar de um ser.

Mas como do pensar ao executar vai uma grande distância (os que me conhecem sabem o que me custa imaginar um animal o dia todo sozinho em casa) o tempo passa e ainda nada se passa e provavelmente ainda não se passará este ano. O vosso pai e eu temos já muito a acontecer na nossa vida e não nos sentimos ainda preparados para um novo elemento na família, dado que é preciso dar mais de nós ainda.

Pois meus amores, enquanto do alto dos vossos 3 e 7 anos vocês nem se apercebem do quanto penso nestas coisas e no quanto sempre quis ter um animal quando era criança (provavelmente porque me sentia sozinha enquanto filha única), uma coisa engraçada tem-se passado na minha vida. Um pequeno ser tem-se avizinhado volta e meia à nossa janela da cozinha. A Maria, como lhe chama o nosso vizinho. É uma gata adulta, rafeira (estilo Europeu), de rua, linda e meiga. Tem um pêlo sedoso e sobe para a nossa janela para lhe darmos comida. Inicialmente saltava para a nossa janela porque a confundia com a do vizinho do lado (são iguais), mas lentamente comecei a perceber que vinha porque sabia que teria comida se lá fosse ter connosco.

Sempre fui contra quem alimenta gatos de rua. Ter 15 gatos à porta de casa como tinha quando morava com os meus pais, porque uma vizinha se tinha decidido a salva-los a todos, mesmo não estando eles esterilizados, mesmo tendo eles mais ninhadas de gatos a cada ano que passava, mesmo com doenças e xixis  e cocós à porta de casa todos os dias... foi dose. Mas entretanto fui mãe. E de repente, de algum modo - acho que é mesmo isto que acontece quando nos tornamos mães de seres inocentes e pequeninos - os males do mundo tornaram-se os meus. Sempre fui muito carinhosa com animais, mas de repente comecei a olhar para eles de outro modo. Não eram só animais, eram seres, muitos deles um elemento vital de muitas famílias. Compreendia agora o desespero dos donos quando os animais fogem, se perdem ou os roubam.

Mas falava eu da Maria. Embora quisesse alguma distância dela ao início, a verdade é que um dia comprei-lhe ração no supermercado. Foi este inverno. Estava muito frio e pensava onde estaria ela. Se estaria na casa do vizinho quentinha, ou na casa de alguém que também gostasse dela. Pensei naquele pêlo macio, se lhe daria o conforto e calor naquele frio terrível que se fez sentir há poucos meses. E embora achasse que ainda não me sentia preparada para a deixar entrar em casa (não sei se tem doenças, se já passou pelo veterinário, etc etc, e o medo de comprometer a saúde de todos cá em casa travou-me) um dia pensei que pelo menos se estivesse bem alimentada talvez combatesse melhor o frio. E talvez um dia, num daqueles dias em que esteve mesmo mas mesmo frio, se a tivesse visto nessa altura talvez a tivesse deixado entrar...

Não sei. Mas fico mesmo contente quando a Maria aparece para nos visitar. Mal me vê aproxima-se com o seu ar misterioso e independente, e começa a miar. E lá vou eu buscar mais um bocadinho de ração, lá vou eu apagar aquela fome. Se ela vos vê, meus rapazolas, (ou até ao T.), retrai-se, foge logo. A vossa barulheira e excitação não deve suscitar muita confiança nela. Mas se estou só eu ela deixa-me fazer festinhas. Às vezes imagino-a connosco no sofá, aninhada, nós a fazermos-lhe festas (o vosso pai vem de uma família que sempre teve vários gatos,  2 ou 3 de cada vez!!), ela a derreter-se. Sempre adorei o conceito de ter um animal a dormir em cima da minha cama, por exemplo (que se lixe os que não acham higiénico).

A minha sogra, grande defensora dos animais, principalmente dos gatos, ficou deliciada com a "nossa" gatinha. E disse-me uma coisa curiosa. Que os gatos vêm sempre curar algo nos donos. Lêem algo neles e vêm curar alguma dor ou alguma falha na nossa vida. Não sei o que veio ela colmatar aqui. Mas cada vez mais penso que há algum animal à minha espera nesta vida (não é ela, é demasiado independente nesta altura, parece-me). Um ser peludo e fofinho, porque sei que ainda tenho muita meiguice para dar (e receber).

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A animação do meu coração

Não é segredo nenhum para quem conhece bem a nossa família que sempre que o P. dorme a sesta a seguir ao almoço, aproveitamos todos para relaxar e ver um filme. Como o nós inclui um miúdo de 7 anos ficámos há muito confinados a filmes infantis e dobrados em português.
Inicialmente foi uma rotina que custou a entrar. Não pelo momento de relax em si obviamente, mas pelo adeus aos filmes de gente adulta que sempre preguiçosamente gostámos de ver ao fim de semana, especialmente em dias chuvosos.

Mas o que se estranha logo se entranha, nao é o que dizem? E entranhou. Por causa dos miúdos descobri todo um mundo de animação (e os filmes de animação atuais são qualquer coisa de fabulástica, acreditem), recente e antigo, que desconhecia. De entre eles posso agora afirmar que estão lá alguns dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Se quem me está ler tiver uma pequena costela cinéfila, entenderá o que quero dizer.

Aqui há umas semanas falava de filmes de animação com colegas meus. Todos me pareceram algo benevolentes e pouco interessados, como se fossem "apenas" filmes para crianças. Sim, devem ser giros, mas não iremos perder tempo a vê-los.
Para quem me está a ler: por favor vejam filmes para crianças. Hoje em dia há produções simplesmente incríveis, com histórias de moral irrepreensível. Com histórias de amor, amizade, entreajuda, lealdade, coragem, medo, humor... todos os ingredientes de vidas em cheio que nos inspiram na nossa vida real. Que nos fazem acreditar num mundo melhor.

Quem nunca encheu o peito de admiração pela coragem e redenção da Brave, onde no fundo só nos querem mostrar que a família é tudo na vida? onde se mostra que o perdão e o arrependimento move montanhas. Onde se mostra que não nos devemos vergar a tudo o que os outros querem de nós, mas onde devemos respeitar esses mesmo outros?

Que se acuse quem nunca rebolou a rir com as imagens iniciais do The Secret Life of Pets, onde com um humor e imaginação incríveis os autores do filme nos mostram o que fazem os animais domésticos depois de fecharmos a porta para ir trabalhar? Quem não ficou comovido pela lição de amizade e inclusão que o filme nos mostra? Quem não deseja passar isso aos seus filhos, sobrinhos, amigos? Quem não desejou que o mundo fosse assim tão aventureiro e justo como quando a história chega ao fim?

E o The Incredibles? aquela família fabulosa cheia de clichés, mas que quando a coisa aperta movem montanhas para se protegerem uns aos outros? Qual o pai ou a mãe que não se deliciou com as imagens subtis (e outras nem tanto) do bebé da família, dos seus pequenos gestos, do seu chuchar da chucha? quem não pensou: Meu Deus! eles apanharam tão bem isto!! é que é mesmo assim! (eu quase ficava de lágrima no olho quando revia aqueles movimentos de bebé que são tão iguais aos bebés reais!!).

Ah sim... todos estes filmes de que falo, já os vi várias vezes. Mesmo. É o que dá ter miúdos em casa. Eles gostam de os ver incessantemente. Deve ser para memorizar bem tudo.
A lista é infindável, mas vou só falar de mais um: How to Train Your Dragon - onde nos mostram que devemos seguir os nossos instintos, onde nem tudo o que é parece, onde devemos ser nós mesmos apesar do que os outros nos instilam, onde nos mostram que podemos errar e admitir que erramos, onde percebemos que há amizades improváveis que se proporcionam mesmo assim.

Que bom é viver uma grande aventura (e sem sair do sofá ahaha) :)

Ah esperem. Não me despeço sem falar da saga Gru e Mínimos. 
Já viram os filmes? já riram e choraram com eles? se não o fizeram são de pedra certamente.
Cá em casa ultimamente andamos no Gru - O Maldisposto 3. Incessantemente. Mesmo. Nos últimos fins-de-semana já o vi seguramente umas 10 vezes. Já o vi 2 vezes seguidas (acreditem se quiserem, mas com 2 almas a pedincharem como se não houvesse amanhã às vezes é melhor ceder e ter alguma paz durante mais um bocado). E caramba... que filme tão giro! Que pormenores, que história. Sim fala sobre a família, sobre irmãos, sobre ser mãe (porque é mãe quem cuida e não apenas quem dá à luz), sobre inseguranças e medos... 

Mas ainda por cima este belo filme traz à tona recordações fenomenais para quem é da geração de finais dos anos 70 e anos 80. Quem não rebolou a rir com o mauzão da fita a fazer todos os seus moves à la Michael Jackson (que bela homenagem eu diria, ele ficaria orgulhoso)? Quem não delirou com os famosos acordes dos Dire Straits com o seu Money for Nothing? Quem não foi ouvir de novo todas aquelas músicas, quem não revisitou a sua infância ou adolescência ali mesmo? 

Quem não vibrou com todos os detalhes do filme? Provavelmente (mesmo) mais os adultos do que as crianças, acreditem. Aquilo é lindo! Puro entretenimento cheio de qualidade. Tão bom como ver  o melhor clássico com os melhores actores de carne e osso.

Vá malta, não suspirem de aborrecimento, complacência e obrigação da próxima vez que os vossos filhos, netos, sobrinhos, afilhados, filhos de amigos, enteados, o que for, vos arrastarem para um cinema de animação (seja em casa ou no cinema). Gozem o filme. Aproveitem a mensagem que vos passam. Divirtam-se, riam e chorem com as personagens. Tentem que os mais pequenos absorvam a mensagem implícita (ela existe SEMPRE), pensem vocês mesmos nessas mensagens. Pensem como a vida pode ser por vezes injusta, mas como se pode (quase) sempre dar a volta, como a vida pode ser bela, como podemos ter pequenos grandes actos com aqueles que nos rodeiam. Pensem na vida simplesmente. E divirtam-se :)