quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Festa de Natal

Ontem foi dia de festa na escola nova do M. Como era de esperar foi uma coisa muito maior do que era na antiga escola, que era pequena. Muitos miúdos de muitas turmas para cantar e dançar. Imensos pais e famílias a ver. E o M., coitado, lol, muito inibido por causa da multidão. Sempre a morder o lábio e a fazer a sua coreografia. Definitivamente multidões e exibição pública não são o seu forte :) Lá esboçou um sorriso no final da atuação quando começou a ver a cara conhecida do pai e dos avós. Eu cá atrás ansiosa por lhe dar um abracinho, impossível aproximar-me sem que alguém desse um empurrão ao carro do bebé. Por isso aguardei pacientemente que viessem ter comigo. E depois o stress de sempre nesta "família das fotografias": foto para aqui e para ali, muitos flashes, muitos "sorri rapaz, que cara é essa, sorrrriiiiiii" e ele ainda mais introvertido. Quando se aproximou de mim só me disse: "mãe podes-me tirar isto" (o fato de árvore de natal que fiz para a festa). Mas qual quê, foto para aqui e foto para ali.
Atenção, eu gosto de fotografias, tanto de fotografar como de ser fotografada. Mas estarmos a ter de forçar sorriso para 500 mil fotos... é dose. Vale ao M. ter uns pais descontraídos e que não o forçam a ser o que não é. Se preferia que estivesse ao rubro como vi alguns miúdos lá, preferia. Não há uma única imagem sem ele a morder os lábios e com ar de que quer mas é sair dali lol. Mas é o que é. E mais tarde quando revirmos as fotografias, vamo-nos rir :)
Depois tirámos-lhe o fato e era vê-lo livre que nem um passarinho a correr pelo espaço e a fazer as suas parvoíces.
E é assim :)

E continuo a adorar isto!

Esta última temporada é simplesmente fantástica. Não passo um episódio sem ficar colada ao ecrã e com o coração a bater. A série tem vindo definitivamente a melhorar e esta temporada (a quarta) é a melhor até agora. Não tenho muito tempo livre para ver TV, mas sempre que tenho um tempinho é Homeland e Ressurection para cima (esta última tem alguma piada, nada de extraordinário mas o certo é que lá vou vendo). O Mr. Selfridge também tem um lugar especial no meu coração :D A vida do homem é incrível. Faz-me pensar na quantidade de histórias por contar sobre tanta gente que mudou o mundo (seja em que área for).
Bom,  afinal até vejo alguma televisão ahahaha...

Colo e o Amor

Leio em todos os livros de bebés: não adormecer os bebés ao colo. Ficam com associação errada do sono, etc. E assim, tal como acontecia com o M., tento fazê-lo o menos possível. Ontem o P. fez 3 meses e desde há 1 semana ou mais que comecei a tentar "impor" regras de sono, seguindo um livro que me safou bem com o M. (este). O curioso é que já estou a ver alguns resultados.

Mas este post não é sobre isso. Pelo menos não exactamente. O que acontece é que, pelo menos no meu caso, mal dou colo ao meu bebé ele aconchega-se imediatamente e fecha os olhos. E... é tão bom. Sentir aquele ser regalado nos nossos braços é do melhor que há. Não o adormeço de propósito. Simplesmente ele é que fica tão mole que adormece. E quando não o faz fica com ar preguiçoso de quem está a curtir a coisa. Tento deitá-lo com sono ainda leve. Penso que sabe quando está a ser deitado na cama. Não fico horas com ele ao colo (até porque começa a retorcer-se e vejo que o melhor é deitá-lo na cama). Mas apercebi-me que quase de certeza ele será o meu último bebé e quero esticar estes momentos o mais possível. Comovo-me até à lágrimas quando vejo aquela carinha a dormir, concentrada, e a dar longos suspiros no meu colo. Percebo a ideia dos livros e até certo ponto concordo. Mas dar colo a uma criança e deixá-la mimar-se nos nossos braços, e dormir uma soneca ali é amá-la. É criar espaço para os tais momentos de intimidade. É deixá-la passar a sua mãozinha lentamente no nosso braço, enquanto amolece. É deixá-la sentir o nosso calor e nós o dela (e é tão bom sentir aquele corpinho quente). É uma partilha. É amor. É quando nos damos incondicionalmente e sabemos que não estamos a perder o nosso tempo ao olhar durante horas a nossa criança e beber todos os seus traços. Dar colo, deixar um bebé adormecer aí é dar-lhe segurança e amor. E isso não sei porquê os livros não dizem. Só nos fazem sentir culpadas e quase que esperar um futuro sem horas de sono por causa disso.
O que importa é o equilíbrio. Entre o criar "bons hábitos" e o dar Amor na versão colo.
Mas dar amor é muito bom. E por isso pretendo dar colo e deixar o P. aninhado em mim o tempo que quiser e que eu puder (não posso ficar sentada o dia todo lol há coisas a fazer).

E viva o colo e o amor que assim passamos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ai a honestidade das crianças...

(M. enquanto eu o secava depois do banho)

Começa-me a fazer cócegas e a fingir que me batia. E a certa altura pára ao colocar as mãos na minha barriga:

- Mãe!!!.... tens um bebé na barriga??

Oh God...

- Não! Porquê?

- Mas a barriga tá grande... E começa a tocar-me na barriga e levanta a camisola para ver melhor.

- Pois, é porque a barriga ainda não voltou ao normal depois de o maninho estar cá fora.

- Barriga gordaaaaaaaa!! barriga gordaaaaaaa!!!

(e desata a dar pancadinhas lá, a rir, e a dizer o que lhe digo quando come muito e está de pança cheia)

Ai...as crianças dizem sempre a verdade, não é? Acho que vou ter de parar de comer porcarias e começar é a fazer exercício :P

Sobrevivi!

E assim foi: passada quase 1 semana, sozinha em casa com 2 crianças, sobrevivi! lol Tive grande ajuda da mamãe (nem sei o que faria com o M. sempre a querer que eu brincasse com ele e lhe desse muita atenção) e passei muita noite mal dormida. Mas já passou e já posso respirar fundo :D

Ganhei, no entanto, profundo respeito pelas mães solteiras de 2 crianças! Já tinha respeito pelas mães solteiras, ponto. Mas ter de cuidar sozinha de 2 maçaricos é obra!

Respect! ;)

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O dia da nuvem negra...

Hoje apetece-me deitar tudo pelos ares. Rifar o mundo por assim dizer, zangar-me com este estilo de vida que não nos permite gozar a família ou os amigos, ou até gozar o nosso próprio tempo.
Comecei o dia com a notícia de que ia ficar sem mais uma colega. Tudo a rumar para ventos mais favoráveis porque esta casa está gasta. Vou ficar sem um dos meus grandes apoios, sem a minha parceira de risos e fofocas, sem aquela que aliviava o ambiente sempre que havia tensão. Vou voltar mais triste e menos sorridente...

E depois este ritmo de vida idiota e frustrante... A sério que até sou uma moça agradecida por tudo o que tenho. A sério que sou. A sério que até acho que tenho alguma qualidade de vida e sou profundamente agradecida por isso. E tenho uma família linda e com saúde, e com quem me divirto.

Mas ultimamente fico frustrada com a correria dos nossos dias. Passo o dia a cuidar de um bebé lindo que me dá o trabalho normal que os bebés dão, e com saudades de ver todos em casa e de partilhar o resto do meu dia. Mas esses momentos são tão, mas tão curtos que começo a andar frustrada.

Que vida é esta que temos neste país, em que mal se chega a casa é uma correria imensa para, no fundo, acabar o dia? Os meus seres queridos chegam a casa a partir das 18h30/19h. Isto porquê? porque o pai trabalha em Lx, onde demora 1h30 por vezes a chegar a casa (e a ir de manhã para o trabalho) e ir buscar o mais velho. Por sua vez o mais velho anda a arrastar-se porque acorda sem excepção às 7h em ponto da manhã, para estar na escola criteriosamente às 8h, para o pai poder estar no trabalho às 9h. Que nunca está. Chega sempre atrasado, às 9h30. Chega sempre a correr e volta para casa sempre a olhar para o relógio. A correr também. E a correr chega à escola do M. (que anda sem sestas, porque aos 4 anos a maioria das escolas acha que eles já têm 30 anos...) que é dos últimos a ir embora na sala onde ficam os miúdos cujos pais chegam tarde. Ou seja, se eu não o for buscar o rapaz fica lá quase 11h...

E depois, a melhor parte - chegam a casa e é uma correria para dar banhos, para fazer e dar o jantar. Tudo bem cronometrado e sempre apressado, para o M. ir para a cama cedo, para descansar o mais possível. Mas se por um lado queremos estar com ele e conversar e saber como foi o dia, por outro lado apressamo-lo para comer (demora séculos...). E por vezes irrito-me com a parvoíce dele (parece um pré-adolescente respondão que só diz coisas parvinhas dignas da sua idade ("tens cocó na cabeça", etc etc) e por vezes sou uma sombra da mãe paciente que sempre fui com ele. E a coisa descamba claro. E o cansaço e a birra abate-se, e é choradeira dele, e impaciência nossa. E é lavar os dentes à pressa, e contar a história sem apreciar efetivamente o momento, e deitá-lo, que já é tarde e no dia a seguir ele levanta-se cedo. Nem o gozamos. Cada vez que penso que apenas passo basicamente 2 ou 3h diárias com ele até me dá uma coisa. E quando penso que essas horas são passadas a prepará-lo para comer e dormir... até se me dói o coração.
Ah! e claro que agora esse tempo é partilhado com o irmão que exige a nossa atenção, ou porque chora por colo e atenção, ou porque quer comer.

E depois de deitado o M. um de nós continua a tratar do P. E ultimamente o P. chora a combater o sono. Não quer dormir, quer ficar acordado. Mas já está tão overloaded do dia (em que também não dorme muito...) que se agita de excitação e cansaço. E lá se passam "horas" à volta dele. E por vezes sucumbe-se e lá lhe damos mais colo ainda para nós próprios termos alguma calma. Mas depois deitamo-lo... e a fera acorda, claro! e chora ou então quer conversa.

E no meio disso tudo ainda há que arrumar a cozinha que ficou a meio para deitar o M. e atender o P., há que preparar a lancheira do M. para o dia seguinte, etc. E de repente já são 23h da noite e começo a entrar em stress porque já é tarde e o P. vai acordar às 2h ou 3h da manhã e tenho de dormir.
E cada vez que penso que isto já é assim agora e o M. ainda não traz trabalhos de casa nem nada... dá-me vontade de chorar...
E cada vez que penso que ainda não comecei a trabalhar e que, quando o fizer, estarei eu própria a olhar constantemente para o relógio para ir buscar 2 crianças e despachar o resto do dia...

E depois finalmente chega o fds e em vez de descansarmos e estarmos cheios de energia para o gozar, não. Estamos cansados, mas desta vez temos de ir buscar o triplo da energia para acompanhar o nosso filho de 4 anos que quer a nossa atenção e que como é óbvio quer ir passear (se estiver tempo para isso) ou quer brincar às lutas, ou quer fazer puzzles ou quer desenhar ou quer brincar com o que for. Mas quer obviamente fazê-lo connosco... E ainda bem! e adoramos todo esse tempo com ele. Mas deitamo-nos à noite rebentados.

Depois chega 2ª feira e o T. vai trabalhar. O stress de acordar cedo, o stress de chegar o mais depressa possível ao trabalho, o stress dos stresses que as empresas acarretam, o stress de voltar rápido para casa. Chega 2ª feira e eu até penso: ah vou descansar um bocado e vou estar sozinha só com o P.
Mas qual quê... é um bebé! e não me deixa esquecer isso :P

E quero sair e espairecer (até pode ser com ele, aliás costuma ser, não há mtas hipóteses) mas por vezes não tenho a energia ou o tempo (pasme-se quem acha q as mães que ficam em casa têm todo o tempo do mundo...). E chega o final da tarde e é o que já descrevi em cima.

E isto é o que eu e todos os pais passam. Esta correria insana que não deixa aproveitar nada nem ninguém. Que nos deixa cheios de saudades dos filhos e maridos/mulheres, mas que passado um bocado nos deixa a pedinchar apenas descanso.
Os empregos deveriam ser todos ao pé das escolas dos filhos. E não se deveria trabalhar 8h por dia + as horas que são precisas para ir e vir do trabalho. Como é possível que passemos a maior parte do tempo com os colegas e chefes e não com a família!?
E isto até é um cenário bom. Porque muita gente trabalha por turnos e nem 20 minutos tem para ver os filhos/conjugues por dia. Porque muita gente tem de trabalhar horas extra para chefes que olham de lado o facto de se sair a horas, chegando-se assim às 21h ou mais a casa.
É triste neste país isto acontecer...

O tempo de qualidade com o meu filho mais velho neste momento é aquela horazita em que faço o jantar e o tento convencer a ficar comigo na cozinha enquanto ele monta uns legos ou desenha, e lá vou falando com ele, em vez de ele ir ver os seus amados desenhos animados.
O tempo de qualidade com o T. é quando sobram minutos ou meias horas depois de despachados os miúdos. O tempo em que se tenta respirar.

Eu não quero essa treta do tempo de qualidade. Isso é uma tanga que inventaram para não nos sentirmos culpados por não estar tanto tempo com quem queremos porque temos tudo o resto para fazer. O que todos deveríamos ter era tempo de quantidade! eram horas a fio para distribuirmos com quem queremos. Isso sim é qualidade.