quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Quando alguém nos diz que está cansado...

Quando alguém (geralmente sem filhos) me diz que está super cansado/a porque teve uma grande insónia nessa noite... dá-me vontade de rir histericamente.
Assim... de modo louco. E maníaco. Tipo Joker, sabem?
Faço-o mentalmente, mas por fora mostro a minha poker face e tento fazer um ar condoído. Tenho compaixão pela pessoa sim, claro. Ninguém gosta de não conseguir dormir.
Tento mesmo não ser condescendente ou ter a mania que tenho filhos e que isso só por si me dá a sabedoria única do que é não poder dormir dias a fio (ou meses até, ou anos!). Mas caramba... a verdade é que isso me dá esse direito sim.  Tenham dó. Sabem lá o que é quererem dormir e não poderem. Não é não CONSEGUEM, é NÃO VOS DEIXAREM dormir.

Vamos a uma história?

Este fim de semana ia ser de arromba, de festa. Depois como ia estar sol íamos dar muitos passeios. Mas como ter filhos significa uma vida cheia de surpresas e mudanças de planos, a coisa não foi bem assim :P

Ora resumindo: ficámos em casa 3 dias e sem dormir uma única noite!

Imaginemos:

O vosso filho mais novo faz anos. Passam o dia a comprar comida e preparar coisas para a festa no dia a seguir. Deitam-se optimistas e a pensar como a vida é bela. Lá pela 1h da manhã a vida deixa de ser assim tão bela quando o vosso pimpolho parece tossir uma tosse estranha e desata a chorar logo a seguir. Voam até lá e a cama está toda vomitada. Depois de o tentarem acalmar, ele vomita tudo e mais alguma coisa. Em cima de vocês, do chão, e de onde houver mais para vomitar. Limpam, consolam, tentam adormecê-lo. E ele até adormece. Vocês é que não.
Passada 1h, nova vomitadela. Mais 2h de semi-sono. Mais nova vomitadela.
Perto das 5h da manhã ele chora, quer ir para ao pé do papá, mas mal percebe que afinal vai ter de dormir (mesmo que seja ao pé dele) desata a berrar e lembra-se que tem fome. Quer o "titinho" e berra até mais não. Em plena discordância lá damos (a medo confesso) o leite para a cria se calar. Pode ser que acalme, que não vomite, e que durma. Mas não. Bebe e vomita logo a seguir a acabar e chorar por mais. Queremos acalmá-lo mas está difícil. O irmão é acordado às 7h com tanto choro...

O dia segue.
O rapaz mais novo vomita até a água que se lhe dá. Cancelamos a festa. Mas embora os amigos e os filhos deles não venham decidimos que a família próxima vem na mesma, já agora tentar comemorar um bocado, o rapaz também merece! (e temos carradas de comida!)
E passamos um bom momento! De paz, risos, conversa e hamornia. O miúdo alterna entre o mimo, o cansaço e a animação. Quando as pessoas se vão embora resolvemos que o melhor é dar uma saltada ao hospital. A febre não baixou muito e nada entra naquela boca. Felizmente a visita é curta, o hospital não tem muita gente, e é oficial - virose gastrointestinal. Nessa noite volta a vomitar (tinha comido 3 bolachas no hospital, aliciado por outro miúdo que parecia uma trituradora a comer bolachas). Nova limpeza, novos lençóis. Nova choradeira despegada de madrugada que já não deixa mais ninguém dormir.

O dia passa e nada entra na boca do rapaz. Começam a ver-se os ossos, está magrinho e estou preocupada. Mas não vomita e a febre começa a baixar.
De domingo para segunda respiramos fundo. O pequenino vai ter de ficar em casa, mas ao menos vamos poder dormir descansados essa noite, sem vomitanços. Estamos nas últimas e já não aguentamos muito mais.

Mas...

Isso pensávamos nós!!

Às 3h da manhã o mais velho começa a chorar.
Raios partam, penso eu! Que raio de pesadelo teve ele agora??!!! Nãoooooo... hoje não!!! 
O pai vai lá. Volta a dizer que ele se sente enjoado e que lhe dói a garganta. Ficamos na dúvida. A palavra enjoado não é boa. A "dor de garganta" já é comum quando quer que lhe demos atenção. Tentamos convencê-lo a dormir. Sem grandes resultados. Quer que eu durma com ele. Mas não dá.
Mas vamos ao que interessa. Resumindo: minutos mais tarde desata a vomitar. Vomita o nosso colchão, a parede e o tapete...
Nem conseguimos acreditar...

Passando à frente: no dia a seguir estamos assim: mãe em casa com os 2 filhotes doentes. No dia a seguir a esse está o pai com eles. E a melhor ainda: no dia a seguir a esses está o pai doente em casa!!!!

Xiça que estou contente por estarmos quase num novo fim de semana! É desta que vamos passear e gozar o bom tempo!

E quem voltar a dizer-me que está de rastos porque nessa noite teve uma insónia... Aiiii!!! SEGUREM-ME!!

:p

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Mudanças de luzes (do M.)

Não sei o que é que se passou, mas num período de poucos meses o M. decidiu que ia ser um menino crescido. De um dia para o outro deu a preciosa almofadinha dele (que tinha na cama desde bebé) ao irmão; há 2 dias não quis mais o ratinho (aquele azul do IKEA que dá luz) à noite; e ontem nem ratinho, nem "luzinhas" (uma tomada fluorescente que teve no quarto para o desparecimento do ratinho não ser tão drástico). Desde ontem que dorme às escuras!!! (o que me dificulta a tarefa de ir lá vê-lo antes de me deitar, mas bom, eu cá me amanho). Deve ser o fenómeno 6 anos!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O primeiro dia do 1º ciclo

E chegámos ao fim do primeiro dia da vida dele.
E das nossas.
O M. começou hoje a escola "a sério".

Ele estava bem. Nada surpreendido por só ter ficado com 5 meninos/as da turma anterior. Nada impressionado por já não conseguir estar a toda a hora com os outros amigos. Nada intimidado com a nova professora. Super à vontade com as novas rotinas que se vão seguir (embora ainda não tenha passado por elas, ou seja, agora ainda é fácil!). Excitado até, mas com moderação, com as novas responsabilidades.

Eu por outro lado...
Passo o dia ansiosa. Ansiosa por saber como tinha sido, dado que não pude ir lá. Se sempre tinha ficado na turma que lhe tinham atribuído. Se a professora era simpática. Se conheceria ele o resto dos meninos da nova turma. Preocupada com mais um ano em que é dos primeiros a chegar e dos últimos a sair. Preocupada por saber novas informações. Enfim... ansiosa por acertar as agulhas todas destes inícios de ano sempre algo confusos.

O P. na mesma. Está na escola que nem um rei. Corre para mim todo contente quando o vou buscar. Quer colo, quer abraços, quer mimo e atenção. Um fofo.

Mal entra no carro começa a impaciência do fim do dia. Pede incessantemente uma bolacha e enquanto não lhe passo uma para a mão não se cala. Resmunga, choraminga, acaba a bolacha e quer outra. Em casa enquanto janta é o filme de sempre. O filme contemporâneo chamado "Estou quase a fazer dois anos e sei o que quero, sou independente". Recusa-se a comer. Vira a cara para o lado. Lá vai comendo umas garfadas de sopa e prato principal misturadas porque finalmente me rendi e liguei a televisão para ele ver o Panda e comer sem dramas. Vê o Panda mas não come calmamente, excepto em alguns bocados. Agora já não quer o Panda. Quer o Pocoyo. Estica-se na cadeira, só não cai porque está preso. Quer tudo e não quer nada. A tudo o que lhe dizemos a resposta é "Nãoooooo".

Reconheço: está podre de sono.
Reconheço também: estou podre de cansaço e sem paciência.
Mas respiro fundo umas dez vezes em várias ocasiões porque sei bem que quando me descontrolo descontrola-se tudo. E preciso de calma, muita calma para que tudo corra bem e finalmente os dois miúdos se deitem rapidamente.

Os dois caiem na cama e dormem quase instantaneamente. E nem são nove da noite ainda.
Eu caio no sofá e tento ter dois minutos de silêncio e paz antes de recomeçarmos as lides a que já nos tínhamos desabituado: preparar a lancheira do dia a seguir do M.

Sobrevivemos!
Um dia de cada vez.