sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Conversas filhas da p.

Fui levá-lo a algum lado. 
Está grande e é o meu orgulho. 
Consigo ter conversas cada vez mais adultas e, ao mesmo tempo, dizer coisas cada vez mais disparatadas e arrojadas, sem medo.

Estamos só os 2 no carro e a certa altura um outro carro faz uma manobra perigosa, mesmo ao pé de nós, que nos podia ter posto em perigo. Irritada disparo logo (mais à-vontade porque estou sozinha com ele) e digo: "Filho da puta!!" 
Ele concorda, o outro foi mesmo idiota e perigoso.

Eu tento aliviar a minha malcriadice do momento (deveria dar o exemplo, nao é?) e digo-lhe "Desculpa o meu francês... aliás, dizendo como se costuma dizer a boa da expressão: Pardon my 'french'."
Ele responde: "Também podias dizer, como diz o J.(que é mesmo francês): Fis de pute!"
Eu: "Ele diz Fis de Pute?? Pensei que era Fis de Putain."
Ele: "Bem, não sei... ele diz assim."
Eu: "Mas eu sempre achei que puta era putain em francês, sempre ouvi assim." 
Ele: "Se calhar dá para dizer das duas maneiras."
Eu: "Provavelmente... Hás de lhe perguntar. Sim? Fiquei curiosa."
Ele: "Mais oui."

Seguem-se as cenas dos próximos capítulos. Se o meu se lembrar de lhe perguntar...

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Cansada

Hoje li isto no LinkedIn...  - sítio onde toda a santa alminha despeja as suas grandes conquistas e feitos (mesmo que depois se vá a ver e estejam infelizes até ao tutano). Dizia uma moça chamada Marlene, em jeito de comentário ao um lamento de mais uma rapariga desempregada:

Compreendo bem o que sentes! Também estou à espera que o ciclo passe, também me sinto esmagada pelas vidas perfeitas das redes sociais, também me sinto obrigada a vir aqui e a mostrar a profissional que sou (e eu que não sou nada boa a "vender-me") porque tenho de recomeçar a trabalhar antes que dê em louca. Também penso duas vezes se devo partilhar este comentário porque não é boa onda falarmos das nossas fragilidades. Também eu estou cansada que me digam: aproveita o tempo livre para fazeres coisas de que gostas. Também eu me sinto culpada porque me queixo sempre da falta de tempo para os meus hobbies e agora sobra-me tempo e não me apetece fazer nada com ele. Também eu queria carregar no off e só voltar quando tudo fizer sentido outra vez. Não estás sozinha. E até suspeito que muitos dos que aqui partilham as suas histórias de sucesso nos acompanhem. Mas como sabes: não é bom não mostrarmos quão felizes estamos nos nossos desafios, quão gratos estamos à vida! Temos de andar para a frente... é o que é!

Podiam ser minhas as palavras dela. Isto de vidas perfeitas: só vistas de fora mesmo.

Mas não desisto. Um dia vou conseguir erguer-me novamente. Aos poucos isto tem de ir... só pode. Para trás nunca, para a frente sempre. O problema é a puta do ponto de interrogação, do não saber de todo o rumo disto. Por um lado aquela sensação de: há mil oportunidades à tua frente. Por outro é saber qual vai bater à minha porta, ou qual aquela pela qual vale a pena lutar.

Aqui e ali algo surge, mas qualquer dia tem de surgir algo grande mesmo! Senão, não dá.

É uma merda.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

O batom

Num almoço com uma pessoa próxima de família, após a refeição, dei por mim a retocar (virada para um espelho) o batom dos lábios que estava já semidesaparecido. Ou tenho batom, ou não tenho batom. Quando fica aquele "mais ou menos"... não gosto.

Estava "na minha", nem muito discreta, nem espalhafatosa a fazer isso. Simplesmente saquei do batom e corrigi os lábios.

Essa pessoa olhou então para mim supreendida e não se coibiu de dizer alto: Vais a algum sítio agora? Vais sair?

Respondi que não ia a lado nenhum de especial e perguntei porque perguntava. Disse-me que era por me estar a ver a retocar o batom...

E é nestas situações que me salta interiormente a tampa, embora me mantenha polida e educada, e penso cá para mim Ok, vá, é outra geração... 

Mas...

1º: Preciso de algum motivo especial para pôr batom nos lábios?

2º: Preciso de ouvir isto à frente de outras pessoas? (mesmo que sejam família...).

3º: O assunto é assim tão importante que mereça o comentário/pergunta?

4º: Preciso de pensar 2 vezes antes de considerar pôr-me "bonita" se me apetecer? Ou tenho de andar o mais "normal" e "natural" possível só porque não estou em algum sítio que "valha o esforço"?

Posso olhar para o espelho e ser vaidosa só porque sim? E não ser alvo de comentários que no fundo só servem para estar a questionar o meu simples gesto?

Sim? Ok. 

Obrigada.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Obcecada...

 ... por mais esta música da Halsey.

Há tantas dela que gosto. Passo semanas a ouvir a mesma. Agora é a vez desta. A partir do meio da música há um tom mais apoteótico e místico que adoro. Gosto mesmo. 


Isto é a parte boa do meu dia.

A parte menos boa é que sinto uma ansiedade brutal. Nem sei bem porquê? (hormonas?).

Tenho de tentar estar o máximo possível a trabalhar. 

E o mínimo indispensável em casa. Amanha faça chuva ou faça sol, apanhe trovões ou raios de sol, saio.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Estar bem

Olá meus caros,

O que é estar bem?

É mostrar que sorrimos e rimos e estamos atentos ao que nos dizem? É adorar viver e viajar? É apreciar ir a um bom restaurante? Ir a uma bela tasca petiscar? É gostar de sermos vaidosos? É agradecer todas as coisas boas que a vida nos tem dado? É ir amparando os golpes que a vida nos traz e aprender com eles (e no fundo aprender uma lição)?

Então eu devo estar ótima!

Com as hormonas no entanto a darem-me cabo do sistema.

Isto é a vida a desafiar-me novamente ou são as hormonas a descontrolarem-se? Porque já li que é isso mesmo que acontece. Já não reconhecemos quem somos e andamos furiosamente à procura de nós. Leio e pesquiso. O que se passa comigo?

Eu ando à procura sim. De ver finalmente quem eu sou, no que me transformei e o que quero.

É pena que nos intervalos disso eu chore lágrimas infinitas. Mas quero acreditar que são as malditas hormonas, essas cabras que nos põem a questionar tudo e todos.

Mas não vou ao fundo do poço. Recuso-me. Ou será através de terapia, ou de mais exercício físico (ou das 2 coisas). Ou será por querer fazer mais coisas por mim e para mim. O processo de recuperar alguns contactos já começou. O almoço com uma antiga colega, mais almoços e conversas com as amigas de sempre, pequenas conversas com um antigo colega que cuja infância e relatos de abusos infantis me marcaram imenso na altura e cujos textos e opiniões públicas partilhadas profissionalmente eu adoro e admiro, etc etc. Quero estar a beber da experiência de toda a gente.    

Não é inocente. Sou eu a aparecer ao mundo novamente, como eu, o verdadeiro Eu. 

E o meu Eu anda furioso e descontrolado. Mas se calhar também era preciso, não?

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Sick to my stomach

Olá meus caros,

Esta noite senti-me mesmo maldisposta.
Foi terrível.
Fisicamente muito maldiposta.

Passei de um dia super atarefado e bom até um certo ponto. Retomei contactos antigos (nem sempre constantes porque a vida acontece). Mas tentei. Ando a tentar fazer pela vida. Manter e alimentar amizades, recuperar contactos antigos. Eu sou eu. Não sou apenas a família, mãe de, mulher de. Cheia de obrigações e deveres.

Existo Eu também. Tem sido um longo caminho interior e cheira-me que isto é só o início.

Mas hoje, de repente, sem que nada o fizesse prever, senti-me fisicamente maldisposta. Muito. E tive de correr para a casa-de-banho onde saiu de tudo.

De repente, senti-me exausta.

Espero que tudo o que saiu me tenha deixado vazia a sério. Sem nada mais para oferecer ou receber.

Amanhã é um novo dia. 
(Ou será que é O Dia? Ou o início dos Dias Que Se Seguirão?)

Não quero saber.





quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Cenas mundanas

 O meu mais velho a olhar para as minhas mãos:

- Mãe, porque tens o dedo vermelho? 

(parece que estou a contar a história do Lobo Mau ahahaha)

- Por nada de especial rapaz, deve ser do meu batom. Pus à bocado e espalhei com o dedo.

- Do meio?...

- Sim...

- Porque metes batom? Estás agora a comer e praticamente já não o tens.

- Pois... raio dos batons. No dedo de facto não sai, já lavei as mãos várias vezes e isto continua assim... Se calhar devia ter os lábios nos dedos ahahha

- Já reparaste que comes batom a toda a hora?

- Já.

- Não te incomoda?

- Não.

- Não deve fazer bem...

- Os cremes (e coisas de maquilhagem) que toda a gente usa também não. E usam-se diariamente. Os desodorizantes idem (a não ser aqueles bem naturais que custam 10 euros e depois deixam-te a cheirar a transpiração na mesma...). É uma escolha. Fumar era pior, se calhar...


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(noutro dia)

- Mãe, anda, despacha-te, tens de me ir levar! Rápido!

- Opa, já vou, calma. Estou só a por isto...

- Batom? Mas para quê??!! Nem vais sair do carro... Achas que alguém te vai ver??

- Sim, as pessoas, do outro lado da janela ou vidro.

- Ninguém vai olhar para ti, anda!

- Ai... estou a ir. Mas tenho de ir com a cara mais "alegre".

- Porquê?

- Porque senão parece que morri... Estou pálida e cheia de olheiras. Isto "aviva-me" a coisa.

- Estás igual à de sempre...

- A sério? Não notas diferença quando estou maquilhada ou quando não estou?

- Não... ficas igual. É igual.


(Anda uma pessoa a esforçar-se para nada afinal... lol)


E viva a motivação...!


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Ando cheia de olheiras há uns dias. Não consigo não olhar para elas sempre que olho ao espelho. A noite passada sei bem porque elas existiram. O meus vizinhos do lado estão cá novamente e têm o péssimo hábito de falar super alto, seja a que horas for. Ele está agora reformado, ela sempre foi dona de casa, os filhos estudam fora há anos (agora já trabalham) e eles estão sempre os 2 sozinhos na maior parte do tempo. São uns porreiros... mas não se calam! Não percebo o que têm assim tanto para dizer às 2h ou 3h. Está um silêncio brutal nas casas todas e só oiço a voz deles a discutir algo. Arghhhhhhh


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O raio do burro também não se cala. É o dia e a noite toda... E eu a achar que era ótimo viver no campo com animais...