Pillow in my arms,
by Griff
I saw you there, but it was a shadow
A table and chair, a tragedy, I know, oh, I know
Doces para os meus doces... Um diário bem docinho sobre a vida d.M (depois da Maternidade)
Pillow in my arms,
by Griff
I saw you there, but it was a shadow
A table and chair, a tragedy, I know, oh, I know
Here again.
Meus caros,
Sabem aqueles dias em que gostaria de ter ficado na cama a dormir até às 14h? Este foi um deles. Dormir para esquecer. Esquecer tudo e todos. Fazer reset e acordar nova sem memórias. Recomeçar de novo. Isto de já ter bagagem nas costas não é para os fracos e só de pensar que a bagagem não aligeira com o tempo...
Há 2 dias que o mais novo dorme comigo. Está de férias e adora dormir com a mãe. E eu adoro dormir com ele, claro. Curiosamente nem eu nem ele gostamos de estar enroscados. Cada um no seu sítio, mas ali bem pertinho. Quando me vou deitar sinto a respiração dele, aquele corpinho (já não é bem corpinho, é corpão, qualquer dia está do meu tamanho) bem quentinho dentro dos lençóis, aquele cabelo já meio suado. Continuo a gostar de o cheirar (mesmo quando não tomou banho). Ainda tem aquele cheiro de criança, aquela pele miúda onde as hormonas ainda não chegaram em cheio. Costumo ser gozada cá em casa por causa disso lol Mas não me importo. Sou apenas um animal a cheirar a sua cria.
Curiosamente o mais velho, que sempre foi um grande menino da mamã, assim que fez 9 anos despachou-me em grande dos mimos noturnos. Já não queria que eu o deitasse. Passou a querer ler à noite e a coisa acabou assim. O mais novo já vai nos 10 e ainda está na fase mel. Fica envergonhado se lhe dou um beijinho quando o deixo na escola e começa a evitar que eu o faça, mas à noite a conversa é outra. Por ele dormia ao pé de mim todas as noites.
Hoje de manhã fui pela primeira vez tirar-lhe sangue. Temos de testar os miúdos depois de há uns meses eu ter sido diagnosticada como celíaca (ainda vou pedir 2a opinião, porque ainda estou incrédula - se bem que tenho um caso bem perto na família que é celíaco confirmado desde os 14 anos). Tudo se faz, mas confesso que deixar de ser espontânea em relação à comida me tem custado. Não se poder comer o que se quer (pão!!!!), depois de 48 anos a enfardar o que queria, é uma merda. Mas vá, não quero morrer aos poucos e sem saber (embora se morra aos poucos de outros modos também...). Assim estou consciente e faço o que posso para ter uma saúde "de ferro" até não dar mais.
Estive com a minha mãe. Almoçámos com ela. Passados 5 minutos de lá estar já me queria ir embora. Tal como referi, só queria dormir e abstrair-me da realidade. Mas para além disso já percebi que embora a adore, já não consigo estar muito tempo ali. Adoro-a. Mesmo. Sei que estará sempre ali para mim. Mas ja não aguento o monólogo sobre tudo o que se passa na sua vida, com os pormenores todos e mais alguns, que demoram 15 minutos a contar só para chegar a um final normalíssimo.
Ando impaciente, eu sei. Muito. Mas a característica que ela tem de contar todo e qualquer detalhe só para no fim dizer que trouxe fruta para casa (é um exemplo) deixa-me passada. Com a idade essa característica tem-se desenvolvido. Expandido. Para referir que o filho do vizinho o foi visitar oiço todo um monólogo sobre o carro dele, a cor, se vinha ou não acompanhado, se o costuma visitar muitas vezes, se o vizinho em si é simpático, se a mulher morreu há x anos. God. I don't fucking care. Se dantes ouvia pacientemente, agora corto logo a palavra para ela passar à frente. Eu sei. Sou horrível. Uma filha que deve tudo e depois faz isto. Mas cada vez tenho menos paciência para este chorrilho de palavras intermináveis. Só quero dormir. E chorar. Só quero chorar. (será que é o periodo que está quase quase quase a vir, mas nunca mais fucking vem e me deixa a estrebuchar de raiva e choro, ou será que quero chorar só porque sim, porque preciso?)
Depois a parte mais gira: enquanto ouvia a minha mãe (já sei, já sei o que me vão dizer...agradece que ainda a tens, eu sei) ouço-a dizer: "No outro dia sabes quem vi? a filha da vizinha y. Aquela que é médica, daquela família de médicos, sabes? (Sim sei... já sei há anos...) Pois estava a ver TV e de repente vejo-a a falar. Então eu que achava que ela era só pediatra, afinal estava lá escrito que é Coordenadora da ala de pediatria do Hospital Z, etc etc. Ela tem uns bons anos a menos do que tu. Não fazia ideia que ela já coordenava aquilo." Etc etc etc.
Agora pergunto, sou eu que ando muito sensível, ou dada a minha situação completamente instável e não ideal, estarem-me a falar de como x ou y têm cargos fabulosos não sei onde, não ajudam a minha psique? É ser insensível ou não?
Fico contente por toda a gente. Sempre fiquei. Sou daquelas que se animam e celebram toda a gente. Quero ver as pessoas felizes e realizadas. Mas pessoalmente não estou nessa fase realizada e devo dizer que estas conversas vêm muitas vezes com os cargos associados às pessoas. Ah aquela médica, ah aquela engenheira, ah aquela miúda que eu conhecia agora arranjou algo muito bom e anda cá e lá (estrangeiro) e parece que está muito bem. Ora... parabéns! Eu agora não estou muito bem. E essa porcaria de conversa só me lembra isso. E mesmo quando parecia que estava bem (também posso dizer que era coordenadora de produção... etc e tal) tinha um ambiente de merda e estava mais solitária do que alguma vez me lembro de ter estado.
Confesso novamente, só me queria vir embora. Estou em baixo, a tentar mostrar que estou bem, mas nem sempre é fácil vestir cara alegre. Esta noite vou sair com os meus primos, rezo sinceramente que isso me anime o espírito! Estou a precisar.
Entretanto só hoje, sexta, é que me sinto fisicamente recuperada. Na 3a levei uma tareia monumental de exercício e andei estes últimos dias com os músculos das pernas a doer à séria. Mas já passou lol
Só me apetece bater com a cabeça nas paredes, é o que é. Eu a achar que estava livre. Fonix... nunca vou estar. E isso custa a admitir e a tentar esquecer. Valham-me os filhos que me ocupam o espírito e o raio do portfólio que não sai nem à lei da bala. Preciso de me concentrar!
Tenho saudades de tudo. Mas fica para mim.
Meus rapazes,
Com o aproximar das vossas férias de Natal (2024) aproveitei para ir hoje descansada e sozinha ver algumas prendas (esse sacrifício de dar por obrigação, algo que cada vez aprecio menos). Acabei por comprar livros para algumas pessoas. No meio da minha procura e dos meus pensamentos acabei por constatar uma coisa:
Eu que adoro livros e adoro ler... nunca os recebo como prenda. Curiosamente, nunca ninguém me dá um livro a ler. Não sei poquê. É mesmo raro. Seria a prenda mais óbvia e evidente, diria eu. E, sinceramente, a que melhor serviria. (isso ou comida, uma compota é sempre bem-vinda...) Será que as pessoas estão tão preocupadas em despachar qualquer coisa rapidamente que se esquecem de olhar os outros com olhos de ver? (Será que eu também faço o mesmo??)
Adoro roupa, colares, maquilhagem, anéis... verdade. Mas uma boa história... essa é inestimável. É como uma viagem, provavelmente só lá iremos uma vez, mas as imagens, histórias e o sentimento que nos traz, isso fica para sempre. Cada vez que viajo recomeço, renovo o meu palato de sensações, sinto-me um grão de areia neste mundo gigante onde achamos que somos mais importantes do que os outros (guilty me, too), quero mais, fico sedenta de conhecer novas pessoas e lugares. Novas histórias.
Um livro é igual. Mas sem sair do mesmo lugar fisicamente. Só que a mente essa... vai para qualquer lugar. Essa é a parte fascinante. Se pudesse teria trazido para casa metade da livraria, só para mim :)
E seria mil e uma histórias, seria mil e uma pessoas, que é o que eu sempre quis ser.
... por isso fica aqui meus caros.
Lembram-se daqueles 2 idiotas que andaram à bulha com os carros, em Algés? Sim, aquele que partiu o vidro do carro da frente de um e esse que depois fez marcha-atrás (mesmo tendo uma criança dentro do carro!!!) e lhe bateu em grande. Sim, esses 2 idiotas que agora devem estar com um processo gigantesco em cima a tentar não ir presos uns anitos.
Pois cá para mim... às vezes penso no que será a satisfação gigantesca de espetar com o nosso carro em grande nas trombas de um dos parvos que andam na estrada a achar que o mundo é deles. Deve ser tão, mas tão espetacular!! Vontade às vezes não me falta de fazer marcha-atrás (ou à frente) e varrer o carro de um dos idiotas que andam por aí.
Isso ou partir literalmente a loiça toda. De, num momento de raiva, partir tudo o que vejo à frente. Atirar com vidros, com loiças, com toda a merda que se parta. Que maravilha!
(partir um carro todo com um bastão também deve ser giro...)
Meu querido P.,
És um miúdo muito espirituoso, com muita piada e que pensa muitas vezes outside the box. Pergunto-me qual será o teu percurso de vida. Tenho muita curiosidade em vê-lo.
Aqui há dias disseste uma coisa que me deixou a sorrir umas horas. Não adoras ter de estudar (embora te safes lindamente nas disciplinas) e estás sempre muito revoltado se tens de estudar um bocado ao fim de semana para algum teste.
No outro dia estavamos no carro sozinhos e out of the blue disseste:
- "Mãe, sabes quais são os 3 "E"s de regras da escola?" (diz-me sempre as coisas sem contexto e fico a tentar adivinhar a que se refere exatamente)
- Ahn?...como assim? regras da escola? quais regras?
- Regras. São 3. 3 "E"s.
- Mas... humm...são regras nesta escola? regras da professora?
- Não, são regras minhas que eu sei. Fui eu que inventei...
- Bem, então diz lá (eu ainda sem perceber bem a coisa)
- " Estudar É Estúpido"
😂
Meu querido filho mais velho... Esta é para ti:
Durante anos a fio foste o miúdo mais querido, meigo e sociável à face da terra. Eras o que se designa de criança dócil e muito simpática. Talvez um miúdo "fácil" (nem sempre acho que esta qualidade seja a melhor, confesso). Estavas sempre ok com mudanças de planos, com comida que não adoravas, com qualquer brincadeira. És um miúdo inteligente e sempre tiveste notas espetaculares (mesmo sem andarmos em cima de ti).
Os anos passaram entretanto e o miúdo querido e simpático deu lugar a um miúdo às vezes simpático, muitas vezes antipático e a querer desafiar só porque sim. Um miúdo extremamente teimoso, até cruel em algumas coisas que diz e chato que se farta quando quer muito uma coisa. Um miúdo com uma poker face de tédio que me dá vontade de rir (digo sempre que o emoji que o caracterizaria é o emoji do Bah...).
Isso passa-se na metade da vida dele connosco, mas sei que a expressão muda quando está com os amigos (já o constatei).
Na outra metade da vida dele connosco revela-se um adolescente divertido, perspicaz e sarcástico, que se envergonha quando me atrevo a "dançar" o floss ou faço alguma parvoíce do género. Que imita na perfeição uma professora de inglês que tem e me leva às lágrimas de tanto rir. Ouvi-lo a contar cenas que se passam em algumas aulas (ações passadas nas costas dos professores) é simplemente divino. É como se eu estivesse na sala de aula a rir-me com a colega do lado, a atirar bolas de papel à professora x (sem ela perceber quem tinha sido...) ou outras parvoíces em que participei. Been there, done that. E é divertido vê-lo a passar por coisas parecidas.
A parte difícil é que agora mal lhe posso tocar fisicamente. Os abraços são a conta-gotas e muito por favor; beijinho de adeus e até logo (de manhã) foram à vida; beijinho de olá boa tarde idem (aqui há tempos foi tão mal-educado nessa parte que me irritei a sério e fui fria e horrível com ele durante 1 semana - quando passou esse tempo eu já estava mais esquecida do comportamente e quando lhe dei uns beijinhos e abracinhos antes de se ir deitar disse-me "ah eu sabia que não ias aguentar" lol); não conta quase nada do que se passa na escola (não percebo se o dia correu bem ou não); só conta algumas coisas e já é passado imenso tempo; fecha-se em copas sobre tudo e mais alguma coisa. Claro que se precisa de dinheiro para ir almoçar com amigos ou se precisa de angariar dinheiro para uma placa gráfica para o computador... então é um doce (o interesseiro...). Mas pronto. Diria que faz parte.
Aqui há uns anos esteve 2 anos parado no desporto que mais adorava porque teve uma lesão grande no joelho. Se fosse mais velho na altura tinha sido operado. Nem Educação Física podia fazer. Foi tramado... Andou uns poucos meses tão deprimido que temi o pior. Eu e o pai demos voltas à cabeça a pensar como arranjavamos algo que o voltasse a entusiasmar e embora não fosse desporto, a reposta foi fácil - a música.
Ele andava há pelo menos 1 ano a falar em música e aulas de guitarra. Tinha ficado fascinado uns tempos antes com rock e metal, e andava a explorar e a ouvir bandas variadas. Quando finalmente demos luz verde e começou com aulas foi todo um novo mundo e entusiasmo. E, neste momento, isso é uma das coisas mais importantes que nos une aos dois. É através da música que consigo chegar até ele.
Voltei a ouvir Slipknot com atenção (nunca gostei muito) e a conseguir perceber o que era bom ali naquele som. Descobri novas bandas (se calhar não muito novas) incríveis. Por causa disto tudo descobri que sou fã de bateria e fico fascinada com a mestria destes músicos. Tem sido um novo percurso que tem aberto ainda mais o meu leque musical (que não acho ser pequeno).
Principalmente com ele consigo partilhar e canalizar uma parte importante dos dois - a agressividade. Vai muita dela para ali. E enquanto for para ali, vai muito bem. (qualquer dia vai para o boxe... nunca foi para aí porque tenho receio de dar cabo das mãos que sempre foram o meu ganha-pão).
Se um dia se cruzarem com um carro a passar metal aos berros... devemos ser nós :)
Aqui vão algumas das que eu mais gosto:
Slipknot:
https://www.youtube.com/watch?v=JGNqvH9ykfA
https://www.youtube.com/watch?v=XEEasR7hVhA
Gojira:
https://www.youtube.com/watch?v=iVvXB-Vwnco
I Prevail:
https://www.youtube.com/watch?v=xQoC9JlNXM8
Ainda no rescaldo da última coisa que escrevi...
Um dos meus podcasts favoritos é o fabuloso Diary of a CEO. Ao contrário do que possa parecer não é mais um podcast sobre dinheiro, empresas e empresários. Ele, Steven Bartlett é sem dúvida tudo isso, mas isto são conversas com várias pessoas de várias áreas, sobre variadíssimos temas. É super super interessante. O melhor podcast que já ouvi.
Entretanto, ontem, ao pesquisar que episódio queria ouvir, deparo-me com este:
https://www.youtube.com/watch?v=LLMCd3WbgGk&list=PL22egh3ok4cP0T7UZRmP6TMLErZYWMN-l&index=3
com a Susan Bratton, especialista em relações e intimidade.
Não se deixem enganar pelo tom típico de apresentador americano que ela tem. Tem um estilo diferente do europeu a falar, mas as palavras são sábias.
O que interessa é que tudo o que ela diz tenho a certeza que ressoará para muita gente neste mundo, homens e mulheres. O discurso é fabuloso. E as perguntas dele, certeiras.
Ouçam com atenção e não se deixem enganar com o título parvo e espalhafatoso (Orgasm Queen: Do This For 20 Minutes Before Having Sex & Have Sex With Them Like When You First Met!) - para mim quase uma falta de respeito com o que é dito ali e que nada tem a ver com a profundidade do tema e do modo como ela o aborda.
Meus queridos rapazes,
Retomo este diário na esperança de que um dia estes textos vos sejam úteis (aí já serão adultos e devem entender o que escrevo, pela experiência que vão ter de vida).
Os anos têm passado e o barco lá tem navegado. Umas vezes ao sabor do vento, outras porque o leme o guiou propositadamente numa certa direção. Estive, entretanto, a reler alguns textos do que foram os vossos primeiros anos. Num dos textos iniciais cruzei-me com a frase de uma escritora conhecida que nada tinha a ver com crianças e bebés, mas que achei curioso que eu a tenha colocado lá: