terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A animação do meu coração

Não é segredo nenhum para quem conhece bem a nossa família que sempre que o P. dorme a sesta a seguir ao almoço, aproveitamos todos para relaxar e ver um filme. Como o nós inclui um miúdo de 7 anos ficámos há muito confinados a filmes infantis e dobrados em português.
Inicialmente foi uma rotina que custou a entrar. Não pelo momento de relax em si obviamente, mas pelo adeus aos filmes de gente adulta que sempre preguiçosamente gostámos de ver ao fim de semana, especialmente em dias chuvosos.

Mas o que se estranha logo se entranha, nao é o que dizem? E entranhou. Por causa dos miúdos descobri todo um mundo de animação (e os filmes de animação atuais são qualquer coisa de fabulástica, acreditem), recente e antigo, que desconhecia. De entre eles posso agora afirmar que estão lá alguns dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Se quem me está ler tiver uma pequena costela cinéfila, entenderá o que quero dizer.

Aqui há umas semanas falava de filmes de animação com colegas meus. Todos me pareceram algo benevolentes e pouco interessados, como se fossem "apenas" filmes para crianças. Sim, devem ser giros, mas não iremos perder tempo a vê-los.
Para quem me está a ler: por favor vejam filmes para crianças. Hoje em dia há produções simplesmente incríveis, com histórias de moral irrepreensível. Com histórias de amor, amizade, entreajuda, lealdade, coragem, medo, humor... todos os ingredientes de vidas em cheio que nos inspiram na nossa vida real. Que nos fazem acreditar num mundo melhor.

Quem nunca encheu o peito de admiração pela coragem e redenção da Brave, onde no fundo só nos querem mostrar que a família é tudo na vida? onde se mostra que o perdão e o arrependimento move montanhas. Onde se mostra que não nos devemos vergar a tudo o que os outros querem de nós, mas onde devemos respeitar esses mesmo outros?

Que se acuse quem nunca rebolou a rir com as imagens iniciais do The Secret Life of Pets, onde com um humor e imaginação incríveis os autores do filme nos mostram o que fazem os animais domésticos depois de fecharmos a porta para ir trabalhar? Quem não ficou comovido pela lição de amizade e inclusão que o filme nos mostra? Quem não deseja passar isso aos seus filhos, sobrinhos, amigos? Quem não desejou que o mundo fosse assim tão aventureiro e justo como quando a história chega ao fim?

E o The Incredibles? aquela família fabulosa cheia de clichés, mas que quando a coisa aperta movem montanhas para se protegerem uns aos outros? Qual o pai ou a mãe que não se deliciou com as imagens subtis (e outras nem tanto) do bebé da família, dos seus pequenos gestos, do seu chuchar da chucha? quem não pensou: Meu Deus! eles apanharam tão bem isto!! é que é mesmo assim! (eu quase ficava de lágrima no olho quando revia aqueles movimentos de bebé que são tão iguais aos bebés reais!!).

Ah sim... todos estes filmes de que falo, já os vi várias vezes. Mesmo. É o que dá ter miúdos em casa. Eles gostam de os ver incessantemente. Deve ser para memorizar bem tudo.
A lista é infindável, mas vou só falar de mais um: How to Train Your Dragon - onde nos mostram que devemos seguir os nossos instintos, onde nem tudo o que é parece, onde devemos ser nós mesmos apesar do que os outros nos instilam, onde nos mostram que podemos errar e admitir que erramos, onde percebemos que há amizades improváveis que se proporcionam mesmo assim.

Que bom é viver uma grande aventura (e sem sair do sofá ahaha) :)

Ah esperem. Não me despeço sem falar da saga Gru e Mínimos. 
Já viram os filmes? já riram e choraram com eles? se não o fizeram são de pedra certamente.
Cá em casa ultimamente andamos no Gru - O Maldisposto 3. Incessantemente. Mesmo. Nos últimos fins-de-semana já o vi seguramente umas 10 vezes. Já o vi 2 vezes seguidas (acreditem se quiserem, mas com 2 almas a pedincharem como se não houvesse amanhã às vezes é melhor ceder e ter alguma paz durante mais um bocado). E caramba... que filme tão giro! Que pormenores, que história. Sim fala sobre a família, sobre irmãos, sobre ser mãe (porque é mãe quem cuida e não apenas quem dá à luz), sobre inseguranças e medos... 

Mas ainda por cima este belo filme traz à tona recordações fenomenais para quem é da geração de finais dos anos 70 e anos 80. Quem não rebolou a rir com o mauzão da fita a fazer todos os seus moves à la Michael Jackson (que bela homenagem eu diria, ele ficaria orgulhoso)? Quem não delirou com os famosos acordes dos Dire Straits com o seu Money for Nothing? Quem não foi ouvir de novo todas aquelas músicas, quem não revisitou a sua infância ou adolescência ali mesmo? 

Quem não vibrou com todos os detalhes do filme? Provavelmente (mesmo) mais os adultos do que as crianças, acreditem. Aquilo é lindo! Puro entretenimento cheio de qualidade. Tão bom como ver  o melhor clássico com os melhores actores de carne e osso.

Vá malta, não suspirem de aborrecimento, complacência e obrigação da próxima vez que os vossos filhos, netos, sobrinhos, afilhados, filhos de amigos, enteados, o que for, vos arrastarem para um cinema de animação (seja em casa ou no cinema). Gozem o filme. Aproveitem a mensagem que vos passam. Divirtam-se, riam e chorem com as personagens. Tentem que os mais pequenos absorvam a mensagem implícita (ela existe SEMPRE), pensem vocês mesmos nessas mensagens. Pensem como a vida pode ser por vezes injusta, mas como se pode (quase) sempre dar a volta, como a vida pode ser bela, como podemos ter pequenos grandes actos com aqueles que nos rodeiam. Pensem na vida simplesmente. E divirtam-se :)