terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ainda acerca de...

... um texto que li sobre as baixas expectativas que temos dos nossos filhos. É verdade, temos sempre grandes expectativas sobre os nossos filhotes. Queremos que sejam os melhores. Queremos o melhor para eles. Queremos filhos perfeitos mesmo que saibamos que isso é impossível (e até indesejável por vários motivos). Ao baixarmos as nossas expectativas agiremos com mais naturalidade e de acordo com o que eles são capazes, deixaremos as ansiedades de lado. Puxar por eles sim, aniquilar os seus gostos ou sobrepor os nossos aos deles, isso não.

Isto para dizer que mesmo antes de ter lido sobre isto das expectativas já tinha feito esse exercício, especificamente sobre as aptidões dos miúdos. Faço-o sempre que entro na sala da turma do meu rapaz e vejo os desenhos dos outros coleguinhas. Uns mais velhos, outros da mesma idade, um ou outro mais novos. Quase todos com algo já característico no seu desenho - círculos pintados, um boneco desenhado, algo. Num exercício de tema livre o M. pinta aquilo que lhe apetece. E isso são riscos indistintos de várias cores. Não há nada específico, um sol, um foguetão, algo que às vezes, cá em casa, lá faz. Riscos e mais riscos. Só tem paciência para isso. Muito contente afirma que pintou um quadrado (o exercício era desenhar, tema livre, dentro de um quadrado já impresso.) Olho para os outros desenhos. E baixo as minhas expectativas quanto ao imaginar o meu filho, um dia mais velho, como sendo um grande artista lol.
Num exercício de humildade (e frustração) admito: pronto, ele não gosta de desenhar, não está para isso, despacha aquilo e acabou. Não tem "jeito". Num exercício de culpa penso que se calhar sou eu que em casa não puxo mais por ele (são raras as vezes que desenhamos). Noutro exercício de autoperdão lembro-me dos momentos felizes e vejo as tardes passadas em parques, cheios de energia, a correr e brincar, a passear e ver coisas. Perdoo-me pensando que não puxo pelo desenho, mas ao menos puxo-lhe pela imaginação, pelo vocabulário, pelos jogos, pela curiosidade sobre o mundo.
Chego a casa e, depois de pousar a mala, e resistindo a correr para a cozinha para adiantar o jantar (enquanto ele corre para a televisão para ver os seus amados Piratas da Terra do Nunca), proponho fazermos um dos vários puzles que temos em casa. E o meu piolho entretém-se, entusiasmado em encaixar inúmeras peças de um puzle gigante. Estou impressionada como sempre fico com a habilidade dele em jogos de encaixe e precisão.
E as minhas expectativas aumentam. E penso que pode não vir a ser um Picasso, mas pode vir a ser muita coisa. Pode vir a ser tudo!
As minhas expectativas neste momento são apenas um: aproveita o mundo de possibilidades que tens.
As minhas expectativas estão saudáveis, acho. Não é um "filho perfeito" (embora no fundo, no fundo, eu saiba que ele é perfeito no meio das suas imperfeições), mas nem eu sou uma mãe perfeita. No meio das nossas imperfeições somos um do outro e divertimo-nos no processo.
E isso é que interessa.

1 comentário:

  1. Qual desenhar qual quê, ele quer é fazer coisas em que ganhará mais "dobrões de ouro", hehehe! Não faz umas coisas bem, há-de fazer outras brilhantemente :D

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