sábado, 10 de setembro de 2011

11 de setembro de 2001













Já não me lembro bem que horas eram. Perto da hora de almoço. Não me lembro se antes se depois. Estava no atelier do Andrea a estagiar há uns 3 ou 4 meses. A mãe dele tinha morrido uns meses antes e o arquitecto andava com comportamentos estranhos. Suores frios repentinos, mudanças de humor que incluiam pontapés em portas, olhar alucinado. Houve dias em que estava sozinha com ele e estava preparada para, ao menor sinal de loucura a sério, me levantar e sair dali. E chamar a irmã dele. Acho que se chamava Silvia.
Foi exactamente ela que lhe telefonou nesse dia. Ouvi pedaços da conversa, das respostas dele:
"A sério??... Bem feita! capitalistas do C... Ahn? caíu?? caíram??... Fogo... Não, não tenho aqui televisão, vou tentar o rádio... Depois telefono."
Desliga.
"Ana, parece que uns aviões foram contra as torres gémeas de NY. Dizem que estas caíram!"
"Como assim?"
"Caíram! 2 aviões foram contra elas."
"A sério?!! mas como é que isso é possível? Mas foi acidente?"
"Pois... isso não sei, a minha irmã não me disse. Vou ligar o rádio."
Ouvimos algumas estações, mas nada; só música.
"Ana, estou curioso. Que m... não termos televisão! Só se formos à Piazza San Babila, acho que têm lá um ecrã grande."
"Vamos!!"
E lá vamos nós, na sua mega lambreta. Quando lá chegamos algumas pessoas estão a olhar para o ecrã. Só se vêm as torres em chamas, fumo, e imagens repetidas dos aviões a embater nas torres. Não parecia real. E se ao início pusemos a hipótese de acidente, depressa chegámos à conclusão que não era. Lembro-me de ter notado que pouca gente estava a ver essas notícias. As pessoas circulavam pela praça, pela cidade. A sua vida não tinha sido afectada directamente e, apesar da tragédia dos outros, a nossa vida continua. Lembro-me de isso me ter passado pela cabeça por uns milésimos de segundos. 
Voltei ao trabalho e quando mais tarde cheguei à residência então tive o impacto daquilo tudo. A malta toda da residência estava reunida na sala "de estar" com a única televisão do sítio. Uns sentados, a maioria em pé (só havia 2 sofás para umas 100 pessoas). Todos falavam e comentavam, elaboravam-se teorias, contavam o que as notícias tinham vindo a dizer ao longo do dia. Eu nem podia acreditar que tinha continuado a trabalhar calmamente enquanto aquilo se desenrolava. 
Infelizmente todos continuamos calmamente nas nossas vidas enquanto milhares de pessoas são mortas todos os dias em guerras, em todo o mundo.
Os dias seguintes foram dedicados à tragédia do 11 de Setembro. Vivia-se e respirava-se o assunto. Começava a falar-se igualmente em possíveis ataques a outros países, entre os quais Itália e particularmente a capital, Milão. Pessoas de aspecto árabe eram olhadas de lado e com medo. 
Lembro-me de um episódio no metro. Eram 18h e estava apinhado; eu ia para "casa". Um homem escuro de turbante tentava passar por entre as pessoas, apertadas como sardinhas em lata. Tinha nas mãos um saco branco enorme que passou por cima da cabeça das pessoas. Lembro-me do silêncio enquanto ele passava. As pessoas a olharem para ele muito desconfiadas; a respiração suspensa. Quando finalmente ele atravessou a carrugem e mais tarde saiu, quase se ouviu um suspiro colectivo de alívio. Eu pensei: "se de facto existe alguma entidade divina, que não permita que eu morra aqui sozinha e longe da minha família".
Uns 10 dias depois, um avião (pequeno) embateu num dos edifícios principais da zona de negócios de Milão, perto da estação central de comboios. Nesse dia tinha uma amiga de Portugal a visitar-me e durante o dia (era fim-de-semana), nas nossas passeatas, iamos ouvindo sirenes de bombeiros, polícia e muita movimentação estranha. Não percebíamos o que se passava. Ela ia embora no dia a seguir e nesse dia à noite percebi o que tinha acontecido. Só pensava: se esta cidade é atacada estou aqui sozinha.
Mas o piloto automático de defesa já estava em funcionamento. "Que aconteça o que tiver de acontecer, mas não me vai acontecer nada." No dia seguinte fui ver o edifício. Ainda tenho as fotografias que tirei nesse dia. Tinha nos andares cimeiros o recorte de um avião. Folhas de papel iam voando ainda para fora do edifício. Cá em baixo, toda a zona estava vedada, cheia de jornalistas, mas viam-se perfeitamente bocados de mobiliário de escritório por toda a parte e muito, mas muito papel branco. Parecia um manto de neve. Era impressionante.
Durante dias, semanas, a imprensa italiana acusou o governo de Berlusconi de estar a esconder quem tinha atacado o edifício. Havia várias versões, uma delas era a que um piloto se tinha suicidado. Outras diziam que tinha sido apenas um acidente com um piloto alcoolizado. Nunca percebi muito bem se tinha morrido também alguém lá dentro.
O engraçado é o modo como a mente humana funciona. Não sei se ficamos anestesiados e achamos que nada nos atinge, mas lembro-me de que apesar do ligeiro arrepio na espinha de medo pela possibilidade de alguma coisa correr mal, eu sentia que estava ali onde a acção estava a acontecer, estava no meio da História. Era, apesar de tudo, excitante. Uma aventura.

Hoje só penso que ainda bem que tudo correu bem aquela miúda, porque aventuras no meio de ataques ou de guerras não trazem felicidade a ninguém.

Hoje, por muitas razões sinto-me... Overcome:


O que eu já me ri

















Conhecem a expressão MILF, certo? Pois hoje ao ver mais um belo episódio do Family Guy dei com esta cena do bébé da família lolllll



O meu vocabulário está agora enriquecido com a expressão BILF...  

(atenção ao sentido de humor...)  :P

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A "quase" casa na ávore

A caminho do meu trabalho, num jardim, está construída uma estrutura de madeira que parece querer vir a ser uma daquelas casinhas no topo das árvores, daquelas que se vêm principalmente nos filmes. Não me parece que aquilo vá ter grandes desenvolvimentos, é apenas uma plataforma de madeira a uns 3 metros acima do chão, mas sempre que passo por lá olho curiosa para ver se ainda está na mesma. A minha imaginação fica logo a trabalhar e pergunto-me se tivesse tido uma casinha daquelas na infância como teria brincado. E com quem. E que aventuras teriamos passado. Provelmente estaria lá sozinha, consequências de filha única, a ler um belo livro de aventuras ou algum policial.
Mas lá que era giro ter estado numa... era.
:)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O riso milagroso

Não existe nada melhor do que ir buscar o nosso filho, subir as escadas até à sala onde ele deverá estar, e subitamente ouvir atrás de mim gritos de alegria e muita excitação.
Afinal o meu pequenino lindo estava numa outra sala com a educadora (era o último da turma) e tinha-me visto a passar...
O ar dele foi impagável. Sorriso de orelha a orelha, bracinhos esticados na minha direcção, muitos gritinhos e guinchos.
Que maravilha!
Mal peguei nele colocou logo a cabecita no meu ombro. Agora faz mto isso, é como se fosse um abracinho.
Ai, ai... o meu amorzinho! 
É das melhores partes do meu dia :)


domingo, 4 de setembro de 2011

Agora para rir

Ontem fui a uma festa de anos muito engraçada, cheia de gente de várias idades, várias crianças, muita conversa entre adultos, uma amiga apresentou-me o namorado novo (muito querido por sinal, espero que tudo lhes corra bem porque o amor é de facto uma coisa fenomenal e deve ser vivido por inteiro), etc, etc... Mas...
Eu juro que aperto o pescoço a quem mais, sem apelo nem agravo, me disser que estou tão magra, e coitadinha, como é que eu fiquei assim, se não como, se estou a fazer dieta, porque estou assim, etc, etc.
E aperto o pescoço igualmente a quem mais olhar para o meu pequenino e fizer o comentário pela milésima vez na sua curta vida de que "ahhh tadinho, está com sono, não é?". Ok, pronto, já percebi que aquelas pestanas de metro e meio lhe devem dar um ar meio de sono (tipo a miopia extrema da Marilyn Monroe que lhe dava aquele ar super sexy e de "saí agora da tua cama"), ou então o rapaz tem simplesmente ar de preguicite aguda. É assim, é a vida. Já o aceitei.
Mas fogo... já estou farta que depois de 50 minutos de ter terminado a sesta, me venham fazer a mesma pergunta d sempre...
E fazem-ma todo tipo de pessoas! em qualquer ocasião, conheçam-me ou não.
Bem, ao menos ele chama alguma atenção porque é super fofo... Mas dispenso o comentário de sempre.
Vá... next! :P